
Inovador radical da música judaica, John Zorn se apresentará no Brasil
John Zorn é um compositor, arranjador, produtor musical e saxofonista nova-iorquino, de origem judaica, expoente de gêneros tão diversos como o jazz, música erudita, klezmer, rock, punk e world music.
Aos 59 anos, John Zorn já lançou mais de 100 álbuns, em que participa como intérprete, compositor e/ou produtor. Ele é considerado pela crítica norte-americana um inovador da música judaica.
Em 1992, organizou em Munique o Festival for Radical New Jewish Music, que reuniu grandes figuras do underground nova-iorquino, como Lou Reed, John Lurie, Frank London, entre outros. Zorn apresentou a peça Kristallnacht [Noite dos Cristais], misturando free-jazz, klezmer, discursos de Hitler e barulhos de vidros se estilhaçando. A partir daí, criou a coleção Radical Jewish Culture, no seu selo Tzadik [Justo, em hebraico], referência imprescindível para músicos alternativos.
O selo, que busca uma estética musical intrinsecamente judaica, tem um catálogo eclético que inclui reggae judeu, jazz cubano-judaico ou simplesmente música feita por judeus. O nome de um dos álbuns dá uma boa ideia do mix musical: “Pastrami Bagel Social Club”.
Em 1993, Zorn criou o grupo Masada, em busca da uma “nova música judaica”, mesclando de forma sofisticada klezmer e jazz. “A idéia era criar algo de positivo para tradição judaica, algo que fundasse um caminho para música judaica no século 21”, disse ele.
Masada não é apenas um grupo, mas uma série de livros de composições – todos realizados a partir de melodias tradicionais judaicas. O nome escolhido pelo grupo suscitou polêmicas. A fortaleza de Massada, no deserto da Judeia, foi palco da derradeira batalha entre o povo judeu e o Império Romano, vencida por estes; no ano 73 D.E.C, os últimos rebeldes judeus se suicidaram. Para os judeus do século 21, Massada é um símbolo da coragem intransigente de seu povo. Zorn vê nela um emblema radical da cultura judaica.
A série Masada é inspírada em Achad Ha’am, criador, no início do século 20, do sionismo cultural, que defendia uma revisão de prioridades do nacionalismo judaico. O movimento não queria resolver "o problema dos judeus", mas "o problema do judaísmo". Ele acreditava que o Estado independente não era uma necessidade primordial, mas seria uma etapa natural da evolução judaica. A redenção nacional e espiritual dos judeus viria com o livre desenvolvimento de expressões culturais e científicas próprias.
John Zorn se apresentará em 17 de março, às 22h, no Cine Joia, em São Paulo, com os integrantes do Masada: o trompetista Dave Douglas, o baixista Greg Cohen e o baterista Joey Baron.
Inaugurado em 1952 como um cinema para exibição da vanguarda japonesa, o Cine Joia teve suas portas fechadas na década de 1980, para virar um templo de igreja pentecostal.
Após grande intervenção estética e tecnológica, reabriu em novembro de 2011 como casa de shows, com uma programação musical de vanguarda e capacidade para 1.200 pessoas. Ingressos: www.cinejoia.tv/ingressos.
Veja apresentação de Zorn com o grupo Masada, em 1999, na Polônia.